Tá muito escuro aqui no meu quarto.
Eu tenho medo de escuro.
Será que tem algum monstro me olhando?
Não, acho que não. Mamãe fala que monstro não existe.
Mas eu acho que existe.
Um dia, quer dizer, uma noite, um monstro apareceu no meu quarto.
Era um monstro de verdade. Eu acho.
Ele conversou comigo. Lembro da voz dele.
Mas minha mãe insiste em dizer que eu sonhei. Que monstro não existe.
Mas eu acho que existe.
A minha mãe diz que ela tem sempre razão, que as mães sabem de tudo.
Mas acho que de monstro ela não entende nada.
O meu monstro é meu amigo.
Ele é muito legal, joga xadrez comigo.
É meio feinho, tem três olhos vermelhos e uma boca enorme, mas é muito engraçado.
Adoro quando ele aparece e fica me contando um monte de histórias.
Histórias de monstros.
Que não precisam ser assustadoras.
Não entendo porque as pessoas acham que monstros são malvados.
Um monstro não pode ser bonzinho?
Eu vou dizer uma coisa para vocês.
O meu monstro de estimação aparece todas as noites no meu quarto.
E quando ele aparece, o meu medo de escuro vai embora.
Porque o meu monstro brilha. É verdade. Ele brilha no escuro!
Ele faz caretas, conta piadas, dá cambalhotas. Até eu pegar no sono e perder o medo.
Ele não é o máximo?
Mas e a minha mãe? Por que será que ela não acredita?
À noite, fui até o quarto dela para descobrir... E acho que já sei...
Ela tem mania de dormir com um abajur ligado.
Só pode ser isto!
Ele não vai aparecer se o quarto não estiver escuro.
Ai, essa minha mãe...
Perdeu uma grande oportunidade de ter um amigão.
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Ilustração: Malu e Mari Yazbek |