Um dia, ela saiu para caminhar.
A elefanta e a joaninha
29 de novembro de 2010
Leninha é uma elefanta grande e gorda como todos os elefantes. Afinal, filha de elefantes, elefanta é! E além dessas características já conhecidas, Leninha é calma e carinhosa, uma elefanta que não incomoda ninguém.
Um dia, ela saiu para caminhar.
Um dia, ela saiu para caminhar.
No meio do percurso, sentou perto de uma árvore para descansar, quando escutou:
- Ei, você, grandona! Cuidado comigo aqui embaixo! Quase que você senta em cima de mim!A elefanta olhou para os dois lados e não viu nada.
- Vai me ignorar, só porque é grande? Estou falando com você! Sua sem educação!
Leninha olhou de novo e continuou sem ver nada.
Bastante irritada, Conceição, a joaninha, saltou no colo de Leninha e começou a pular com suas seis patas na enorme barriga da elefanta.
Ela sentiu leves cócegas e quando olhou viu uma joaninha furiosa.
- Olá, joaninha, é você que está falando comigo?
- Eu mesma! Meu nome é Conceição e você quase me esmagou com esse seu corpo enorme. Olhe por onde anda sua elefanta sem educação!
- Calma Conceição, eu não te vi. Meu nome é Leninha. Me desculpe, mas eu não tinha como ver uma criaturinha tão pequenina como você.
- Olha aqui sua gorda, eu não sou pequena nada, você que é grande demais!
Leninha, que era calma e meiga, acabou perdendo a paciência com aquela joaninha metida.
- Olha aqui sua joaninha, eu não sou grande nada, você que é pequena demais!
E a discussão não parava. Uma dizendo que a outra que tinha o tamanho errado.
Para a joaninha Conceição, a elefanta era grande demais, gorda demais e pesada demais.
Para a elefanta Leninha, a joaninha era pequena demais, magra demais e leve demais.
Irritadas, cada uma virou para um lado.
Leninha voltou para sua família enorme e Conceição voltou para sua família minúscula.
Quando a elefanta chegou em casa, seu avô Rodolfo logo percebeu seus olhinhos cheios de lágrimas. Ela contou o que tinha acontecido. Vovô Rodolfo buscou um livro e começou a ler para a neta a história de Gisele.
Gisele é uma menina alta, muito alta.
Ela detesta a sua altura e morre de vergonha dos seus colegas de classe, que são bem menores do que ela.
Um dia, sua professora pediu uma lição de casa diferente. As crianças deveriam desenhar a forma do pé de seus pais em uma folha de papel em branco.
Ao compararem os pés, o pé do pai de Gisele, era o maior de todos. Ele calçava 46, enquanto a maioria dos outros pais calçava 41 ou 42.
Por um momento, a menina ficou orgulhosa, todos olharam espantados para o seu desenho, quando Joaquim falou:
- O seu pai deve ser um super-herói!
- Ele é mesmo, o meu super-herói de 2 metros de altura! E é só meu!
A professora aproveitou o momento para explicar que cada um de nós traz a herança de sua própria família.
Disse que pais negros terão filhos negros, que pais brancos terão filhos brancos, que pais altos terão filhos altos e pais baixos terão filhos baixos.
Depois desse dia, as crianças entenderam que Gisele era uma menina normal, alta como os seus pais. Nada mais natural.
Tão natural como um elefante ser grande e pesado e uma joaninha ser pequena e leve, completou o avô de Leninha.
No dia seguinte, a elefanta pegou o livro e foi procurar a joaninha.
Ao se encontrarem, Leninha disse:
- Leia essa história, Conceição, você vai gostar.
Quando esticou as patas para entregar o livro para a joaninha, percebeu que ela nunca conseguiria segurar um livro daquele tamanho.
Elas se sentaram e Leninha leu a história.
No dia seguinte, vovô Rodolfo avistou a neta pegando frutas no alto das árvores para Conceição, enquanto a joaninha procurava amendoins no chão para a gulosa elefanta.
Chuchu, Pepe e Tata
18 de novembro de 2010
Eu não largo a minha chupeta.
Adoro ela.
Não vou deixar ela ir embora.
O que vai acontecer com a minha amiga?
Para onde ela vai? Será que vão cuidar bem dela?
Vou sentir falta da Pepe, minha chupeta rosa preferida.
Ela chegou no dia que perdi a Chuchu, minha chupeta vermelha.
Eu adorava ela, mas logo me acostumei com a Pepe.
Nos tornamos grandes amigas.
Amigas pra valer.
Ela está sempre ao meu lado.
Quando a mamãe briga comigo e eu fico triste.
Quando eu tô feliz depois de comer macarrão com muito queijo ralado.
Quando eu tô com medo de ficar sozinha.
Hoje, eu tava deitada na minha cama e tive uma visita surpresa.
Era a Tata, uma chupeta azul.
Ela conversou comigo.
Me explicou que uma chupeta quer morar na Republiqueta, a aldeia de todas as chupetas.
E sempre que uma criança não precisa mais de uma chupeta, um morador da Republiqueta vai buscá-la.
E no meu caso, foi essa tal chupeta azul. Ela sabia que hoje era o meu dia. Eu já tenho quase 5 anos!
Tata, a chupeta que mais parecia um poeta, me contou tudo sobre a terra da chupeta.
Tive certeza que a Pepe ia adorar morar lá.
Na Republiqueta tem borboleta e clarineta.
Na terra da chupeta, não tem raio ultravioleta.
Na Republiqueta todo mundo é xereta, não tem picareta.
Na terra da chupeta todos andam de lambreta.
Na Republiqueta, para ver cometa, não precisa de luneta!
Pepe vai ser feliz.
Vai ser felizeta!
Afinal, eu já tenho a mamãe e o papai. E três melhores amigas!
Vai ser uma turminha bem legal.
A Chuchu, a Pepe e a Tata.
Postado por Adriana Yazbek às 22:31 3 comentários
Marcadores: chupeta, largar a chupeta
Xô, preguiça!
11 de novembro de 2010
Meu nome é Bento.
Sou o caçula de sete irmãos. Todos da mesma mãe e do mesmo pai.
Nossa família sempre foi muito unida, unida pela preguiça.
Adoramos dormir. 14, 15, 16 horas. Vivemos em câmera lenta.
Mas a minha vida mudou. E hoje me sinto como o patinho feio, você se lembra dessa história?
Sou como ele, um estranho no ninho, um peixinho fora d’água.
E tudo isso porque eu perdi o sono.
Não consigo mais dormir tantas horas.
Eu até conseguia, mas isso foi antes de conhecer a Giselda.
Ai, a Giselda, ela me fez perder o sossego.
Ela me fez perder a preguiça.
Eu era calmo, vivia tranqüilo.
Até que ela apareceu.
Alta, elegante, curiosa e com um pescocinho irresistível.
Foi suspiro à primeira vista.
Longos papos, muitas risadas. O tempo voava ao lado dela.
E eu não queria mais perder horas dormindo.
A minha vontade estar agarrado com ela cada minuto, cada segundo do dia.
E não foi nada fácil. Meus pais não aceitavam. Diziam que o nariz da Giselda era tão empinado que quase encostava nas nuvens.
Mas a minha ligação com a Giselda era forte demais. Não tinha mais volta.
Então, tive que me esforçar. Tive que me adaptar.
E foi penoso.
Foi bem difícil ficar ao lado de alguém que dorme apenas duas horas por dia.
É sério. Apenas duas horas!
Eu sei, não dá para acreditar, mas é verdade.
Uma girafa dorme apenas duas horas. Enquanto eu, um bicho-preguiça, estou acostumado com catorze horas diárias de muito sono.
Esse papo me deu uma canseira... Vou aproveitar que a Giselda foi fazer umas comprinhas e tirar uma soneca.
Postado por Adriana Yazbek às 19:59 1 comentários
Marcadores: animais, bicho-preguiça, girafa
A mala que conhecia Nova Iorque
7 de novembro de 2010
Na casa de Elisa tem um grande maleiro e dentro dele, duas malas.
Uma delas é preta, enorme, de rodinhas, toda dura. Ela adora essa mala, que foi presente do marido dela, o Luiz Roberto.
Uma delas é preta, enorme, de rodinhas, toda dura. Ela adora essa mala, que foi presente do marido dela, o Luiz Roberto.
Elisa e Luiz Roberto viajam muito. Nova Iorque, Paris, Japão, Istambul, China, já conheceram muitos lugares.
Mas essa história não é sobre a volta ao mundo de Elisa e Luiz Roberto...
Elisa faz natação todas às terças e quintas no clube, perto de sua casa. E ela, como é muito organizada, deixa a sua malinha sempre pronta.
Mas essa história não é sobre a volta ao mundo de Elisa e Luiz Roberto...
Elisa faz natação todas às terças e quintas no clube, perto de sua casa. E ela, como é muito organizada, deixa a sua malinha sempre pronta.
Essa é uma mala pequena, tipo sacola, bem colorida, que cabe tudo que ela precisa: pés de pato, óculos, touca, prancha, roupão, maiô, chinelos, toalha, secador e uma bolsinha com xampu, condicionador e sabonete.
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Ilustração: Malu Yazbek |
Quando Elisa não está usando a malinha colorida, ela fica guardada ao lado da mala preta. Aquela, do começo da história, no grande maleiro de seu quarto.
As malas, a preta e a colorida, ficam lado a lado, mas nunca conversam.
Depois que a Elisa ganhou essa mala preta do Luiz Roberto ela nunca mais ligou para mim, virei malinha de clube, sempre carregada de coisas e às vezes fico molhada e com cheiro de cloro. Pensa a malinha colorida.
Já a mala preta, conheceu Nova Iorque! Esse era o meu sonho! Até para China, onde eu fui fabricada, ela já foi! E eu, nada! Só clube, clube, clube.
Depois que a Elisa ganhou essa mala preta do Luiz Roberto ela nunca mais ligou para mim, virei malinha de clube, sempre carregada de coisas e às vezes fico molhada e com cheiro de cloro. Pensa a malinha colorida.
Já a mala preta, conheceu Nova Iorque! Esse era o meu sonho! Até para China, onde eu fui fabricada, ela já foi! E eu, nada! Só clube, clube, clube.
Se malas tivessem documentos, ela teria um passaporte com diversos carimbos, chiquérrima! E eu, no máximo, uma carteirinha de clube. Que sem graça que é a minha vida, desesperava-se a malinha colorida.
Por outro lado, a mala preta não entende por que a colorida tem tanta antipatia por ela. Ela nunca tinha feito nada para incomodá-la. Tá certo, ela é grande, dura, mas não atrapalha o espaço da vizinha.
Por outro lado, a mala preta não entende por que a colorida tem tanta antipatia por ela. Ela nunca tinha feito nada para incomodá-la. Tá certo, ela é grande, dura, mas não atrapalha o espaço da vizinha.
Um dia, cansada de tanta indiferença, a mala preta resolve puxar assunto.
- Colorida... Colorida...
- O que foi?
- Na próxima semana vou de novo para a Europa, eu não aguento mais esse entra e sai de aeroportos.
As esteiras rolantes estão sempre lotadas, fico rodando, rodando e sempre acabo tonta. Os bagageiros são tão apertados, uma mala por cima da outra, ficamos super espremidas, chego sempre muito dolorida.
- Colorida... Colorida...
- O que foi?
- Na próxima semana vou de novo para a Europa, eu não aguento mais esse entra e sai de aeroportos.
As esteiras rolantes estão sempre lotadas, fico rodando, rodando e sempre acabo tonta. Os bagageiros são tão apertados, uma mala por cima da outra, ficamos super espremidas, chego sempre muito dolorida.
E depois sou abandonada num quarto de hotel. Só lembram de mim na hora de ir embora e sempre reclamando de terem que me arrumar. Vivem dizendo: como é chato arrumar mala na volta de uma viagem, nunca cabe nada! E o pior você não sabe: às vezes, o Luiz Roberto senta nas minhas costas para fechar o meu zíper! Imagina aquele peso todo em cima de mim!
A malinha colorida ouviu todo o relato da mala preta, quieta e pensativa. Não disse uma só palavra.
Ainda bem que amanhã é quinta-feira, temos natação. Vou poder curtir um solzinho, ver pessoas bonitas correndo na pista de cooper, crianças brincando no parquinho e ficar na sombra daquela linda árvore que a Elisa gosta de sentar para tomar o seu suco de mamão com laranja. Pensou a malinha colorida, esboçando um sorriso.
A malinha colorida ouviu todo o relato da mala preta, quieta e pensativa. Não disse uma só palavra.
Ainda bem que amanhã é quinta-feira, temos natação. Vou poder curtir um solzinho, ver pessoas bonitas correndo na pista de cooper, crianças brincando no parquinho e ficar na sombra daquela linda árvore que a Elisa gosta de sentar para tomar o seu suco de mamão com laranja. Pensou a malinha colorida, esboçando um sorriso.
Postado por Adriana Yazbek às 20:20 3 comentários
Criança fala cada uma...as mamães também!
2 de novembro de 2010
Hoje, ao invés de postar uma história, escolhi publicar algumas "pérolas" ditas por crianças (ou por suas mães...) que vivenciei ou li no facebook de amigos.
Saibam que vocês me inspiram diariamente!
1. Fedido
Saibam que vocês me inspiram diariamente!
1. Fedido
Para onde vai o fedido depois que ela fica cheiroso?
(Manoela, 7 anos, para a mamãe Andrea Amaro)
Que pergunta mais difícil, heim, Mano? Adorei!
2. Caminhãozinho
Alguém viu o caminhão que me atropelou? Tem aproximadamente 3 anos, um pouco mais de 1m de altura, toda de rosa, cantando muito alto. O evento ocorreu às 6h de hoje.
(A sempre inspirada Andrea Amaro, falando da filha Isabela, de 3 aninhos).
Dea, esse post é sensacional...
3. Maria rezando
À noite, Maria reza: Ave Maria, cheia de graça... aqui é a Maria Bianchi Machado.
(Silvia Bianchi Machado e a filhinha Maria de 3 anos)
Maria, a Nossa Senhora deve adorar a sua oração...que ela te proteja sempre!
4. Fazendo muffins...
- Mãe, é para colocar o ovo inteiro ou só a ''algema"?
(André, 6 anos, para a mamãe, nota mil na cozinha, Tati Marques).
André e Tati, a próxima vez, mandem uns muffins para a tia Dri!
5. A importância de aprender inglês 1...
- Mãe, me empresta o seu make book?
- Mãe, me empresta o seu make book?
(Pedro, 8 anos, querendo o mac book e não o livro de maquiagem da mãe Tati Marques, também nota mil em tecnologia).
Tati, thanks pela ajuda nesse blog!
Pedro, pede bastante o mac da mamãe emprestado!
6. Video Game
- Não filho! Eu não consigo jogar Mario Kart e falar ao mesmo tempo!
(A também sempre inspirada Silvia Fischer, jogando video game com o filho David, de 6 anos).
Sil, continue com os seus posts maravilhosos no face...Esse já virou história, logo, logo publico!
7. Tem filhos mais maduros que as mães...
No primeiro dia de aula do filho na escola "grande".
- Ai, filho, você tão pequenininho, nesse escola tão grande!
- Manhê: "não dá mais pra fingir que o tempo não passou...", cantando a música tema do filme High School Musical...
(Guilherme, com apenas 4 anos, cantando para a mãe Roberta Maksoud)
Gui, continue sempre esse artista que você já é!
Rô, se prepare: dias piores virão... rsrsrsrs
8. Inocência
7. Tem filhos mais maduros que as mães...
No primeiro dia de aula do filho na escola "grande".
- Ai, filho, você tão pequenininho, nesse escola tão grande!
- Manhê: "não dá mais pra fingir que o tempo não passou...", cantando a música tema do filme High School Musical...
(Guilherme, com apenas 4 anos, cantando para a mãe Roberta Maksoud)
Gui, continue sempre esse artista que você já é!
Rô, se prepare: dias piores virão... rsrsrsrs
8. Inocência
- Filha, desse jeito eu vou ter que tomar uma atitude!
- Eu experimento, mas prefiro guaraná.
(Eu mesma, com uns 4 anos, respondendo para a minha mãe. Os que me conhecem bem, sabem que hoje eu responderia: prefiro coca zero!)
9. No avião
Depois da decolagem, quando o avião estava lá em cima. Mariana olha pela janela e fala:
- Mamãe, as nuvens caíram!
(A minha Maricota com uns 3 aninhos)
10. A importância de aprender inglês 2...
10. A importância de aprender inglês 2...
Estávamos saindo do parque "Discovery Cove" em Orlando, quando a Malu falou:
- Mãe, vamos no parquinho?
- Como assim, filha? Acabamos de sair do parque, não tem parquinho aqui.
- Tem sim, olha lá a placa: PARKING.
(a minha Maluzinha com 6 anos).
Convido as crianças citadas nessa página a fazerem ilustrações de suas frases para serem colocadas aqui no blog, que tal? Se puderem façam no paint brush e peçam para as mamães me mandarem por e-mail.
Aproveito, também, para pedir para todas as mamães/vovós me mandarem sempre "pérolas" dos seus filhinhos/netinhos...Assim posso fazer novos posts como esse! Eu amei!
meu e-mail: driyazbek@uol.com.br
Postado por Adriana Yazbek às 20:34 4 comentários
Marcadores: criança fala cada uma
Uma cartinha que latiu
28 de outubro de 2010
Maria Beatriz não gosta de cachorros.
Linda, meiga e detesta cachorros.
Carinhosa, inteligente e muito medo de cachorros.
Oito anos, cabelos compridos e verdadeiro pavor de cachorros.
Por que eu sou assim? Pensa a menina sempre com uma pulga atrás da orelha. Todos gostam, menos eu!
Ela mora em uma cidade do interior, aquelas cidades com uma praça, uma Igreja e uma agência de Correios. E muitos cachorros.
Certo dia, um cão labrador, cor de chocolate, chamado Cacau, passeava pela praça, quando viu a menina correndo para não encontrá-lo.
Por que ela fugiu de mim? Pensou. Todas as crianças gostam de cachorros!
Foi, então, conversar com seus amigos para entender o que acontecia com aquela linda menina de cabelos tão compridos.
E juntos, bolaram um plano. Um plano para ajudar a Maria Beatriz.
Foram várias reuniões. Era au au au pra cá, au au au pra lá. Uma latição só.
Perceberam que nenhum plano mirabolante poderia ajudá-la.
E escreveram uma cartinha.
E escreveram uma cartinha.
Querida menina bonita de cabelo comprido,
Nós cães, adoramos correr, brincar e pular. Gostamos também de defender as pessoas.
Adoramos viajar, conhecer lugares novos, correr em campos verdinhos, caminhar na beirada das ondas numa linda praia. E tomar chuva, que delícia!
Aprender coisas novas é muito legal, alguns de nós conseguem fazer acrobacias, cantar e até participar de novelas!
Detestamos ficar doentes, injeção dói muito, vacina é uma chateação.
Quando pequenos não gostamos de tomar banho, mas logo aprendemos que ficar limpinho e cheiroso é gostoso.
Passear de carro é divertido, ainda mais, quando vamos no porta-malas, que folia!
E gostamos muito, mas muito mesmo é de receber carinho. Quem não gosta de um carinho?
Assinado: cãezinhos
Maria Beatriz recebeu a carta muito surpresa. Ela nunca recebia cartas.
Leu com muita atenção. E pensou, pensou, pensou.
À noite, chamou o seu pai e sua mãe e disse:
- Vocês sabiam que os cães gostam de correr, brincar e pular? Eu também.
- Vocês sabiam que os cães gostam de correr, brincar e pular? Eu também.
- Sabiam que eles adoram andar na beirada das ondas e tomar chuva? Eu também.
- Sabiam que alguns cantam? Como eu.
- Sabiam que eles detestam injeção e vacinação? Como eu.
- Sabiam que quando pequenos eles não gostavam de tomar banho? Lembro que eu chorava para não ir para o banho com uns três aninhos.
- Sabiam também que eles gostam de andar no porta-malas do carro? Lembro de uma vez que me diverti muito no porta-malas.
O pai e a mãe dela não disseram uma só palavra. Estavam emocionados.
Maria Beatriz deitou e sua mãe ficou fazendo carinho em seus cabelos até ela adormecer. Assim como os cães ela também adorava um carinho.
Depois desse dia, a menina aprendeu que podia conviver com cachorros, que não precisava fugir deles.
Ela não ficou a melhor amiga deles, mas aprendeu a respeitar e aceitar os cãezinhos. Um dia conseguiu até fazer carinho em um cachorro de pêlo tão branquinho que parecia um coelho.
E isso já estava bom demais. Afinal a mãe dela não gostava de baratas, e Maria Beatriz nunca tinha visto a mãe fazer carinho em uma.
Postado por Adriana Yazbek às 21:27 3 comentários
Marcadores: medo, medo de cachorro, vencer limites
Um lobo de sapatinho de cristal
24 de outubro de 2010
Gordo, narigudo, olhos enormes e orelhas pontudas.
Era uma vez um lobo mau, muito mau.
Morto de fome, ele caminhava pela floresta procurando algo para encher a sua pança.
Procurou gambás, esquilos e ratinhos.
Procurou até os 3 Porquinhos e a Chapeuzinho Vermelho.
Nada encontrou.
Sua barriga roncava tão alto que seus próprios pelos estavam arrepiados de tão assustados.
Embaixo de uma mangueira, D. Celina, contava histórias para a sua neta, quando escutou um ronco assustador, que mais parecia o estrondo de um trovão.
- Você está escutando, Lili? Acho que vai chover. Melhor voltarmos para casa.
- Não, vó! Termina a história!
- Não dá tempo, querida. Corre! Rápido! Vamos!
E elas correram, correram muito.
Quando Lili olhou para trás, viu o lobo esparramado no chão.
Ele tinha tropeçado no livro de histórias que sua avó tinha deixado cair.
Quando o lobo percebeu que não conseguiria mais alcançá-las, resolveu engolir aquele livro mesmo. Estava faminto.
E foi o que fez. Deglutiu com uma bocada só um livro com 34 contos de fadas.
Depois da comilança, tirou um cochilo. Deitou com aquele barrigão peludo para cima, que agora, de tão satisfeito, não roncava mais.
Quando acordou, se sentiu um pouco diferente. Mas não sabia o que era.
Caminhou, e sem perceber, começou a cantarolar no meio das árvores. Cantava e dançava com passarinhos e coelhos, quando disse:
- Vocês sabem onde fica a casa dos anões? Preciso encontrar um local para dormir, pois o caçador está atrás de mim. Disse com uma voz bem fininha.
Quando percebeu o que tinha feito, saiu correndo.
- Meu Deus, o que aconteceu? Será que virei aquela princesa chatinha da Branca de Neve. “Pele branca como a neve, lábios vermelhos como a rosa”. Uma maçã envenenada eu não vou comer! Não! Não é possível!
- Eu sou um lobo mau, muito mau!
Quando se olhou no espelho, ficou mais calmo, viu que sua aparência estava a mesma. Medonha.
Continuou caminhando, quando viu um pé de feijão.
- Nossa, o meu pé de feijão cresceu até o céu, vou escalar para encontrar aquele gigante e sua galinha de ovos de ouro.
Caiu em si mais uma vez.
- O que estou fazendo? Estou fazendo o papel daquele menino sonso que trocou uma vaca por grãos de feijão? Não! Ainda que eu fosse o gigante... Pelo menos ele é mau, como eu.
- Eu sou um lobo mau, muito mau!
Acho que estou ficando maluco. Branca de Neve, João e o pé de feijão. O que mais vai acontecer comigo?
- Cabe no meu pezinho sim! Esse sapatinho de cristal é meu!
- Mas o seu pé é enorme, seu lobo. Olhe as suas unhas, compridas e afiadas. Nem a sua unha do mindinho cabe nesse sapatinho!
- Como não? Eu sou a Cinderela! Estive ontem no baile dançando com o príncipe, a abóbora virou carruagem, os ratinhos se transformaram em cavalos brancos. Bibbidi-Bobbidi-Boo! Foi o que fez a fada madrinha!
Será que ela que fez isso comigo? Será que essa fada madrinha me enfeitiçou? Pensou o lobo. Quando mais uma vez, percebeu o papel ridículo que estava fazendo, gritou alto, muito alto:
- Eu sou um lobo mau, muito mau!
- EU SOU MAU!
Ainda no finalzinho do grito, sentiu uma forte dor de barriga e tentou lembrar a última coisa que tinha comido.
Foi quando caiu a ficha.
- Foi aquele maldito livro! Eu engoli muito rápido, mas li o título: 34 CONTOS DE FADAS!
- Estou perdido... Logo mais vou ter tranças, vou enfiar o dedo numa roca, ai, que medo, vai doer! Melhor eu cuspir logo esse livro antes que eu me afogue no oceano, uma sereia, não! É demais para mim!
- Eu sou um lobo mau, muito mau!
O lobo desesperado fez uma força danada e conseguiu.
O livro inteirinho saiu pela sua goela.
- Ufa!
Já cansado, depois de tanto esforço, o lobo sentou, colocou seus óculos de grau e resolveu ler o tal livro.
Leu. Cada uma das 34 histórias. E para a sua surpresa, gostou. Percebeu, que no final, todo mundo que é mau, acaba se dando mal.
A partir desse dia, sempre que alguém sai correndo de perto dele, ele grita, sem assustar:
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Ilustração: Mari e Malu Yazbek |
Postado por Adriana Yazbek às 21:26 9 comentários
Marcadores: contos de fadas, lobo mau, sapatinho de cristal
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